Por que postar pouco
Ano passado, no Festival do Rio, consegui convencer um amigo a ver seis filmes num único dia (o último, por sinal, durava três horas e começou meia-noite e meia; como era o "Dogville", não há do que reclamar). No final do terceiro filme, a conclusão foi inevitável: fazer filmes tá fácil demais.
Nos últimos três filmes as coisas melhoraram bastante. Os primeiros, porém, eram de um desleixo quase ofensivo. Muitos diretores de filmes ruins podem se defender dizendo que aquilo foi o melhor que puderam fazer, uma desculpa um pouco ridícula na linha de "o que vale é a intenção", mas que ao menos gera respeito pelo senso de profissionalismo da pessoa. Naqueles três filmes a história era contada aos atropelos, as atuações eram medíocres, tudo parecia ter sido feito às pressas. O fundo do poço foi o último, em que o suicídio de uma menina de, sei lá, sete anos foi tratado como, sei lá, uma cárie no dente da protagonista, irmã mais velha da garota.
Coisas da tecnologia. Qualquer zé mané pastel com uma câmera digital na mão e um programa de edição chinfrim no computador pode fazer um filme nas horas vagas. Difícil é arranjar distribuidora, publicidade etcetera. Mas fazer o filme é moleza. O mesmo, eu imagino, pode ser dito de discos. E certamente de textos. Felizmente o Blogger não tem uma banca examinadora para avaliar o padrão de qualidade dos seus assinantes. Entrou, respondeu um formulariozinho, fingiu que leu o termo de contrato e pronto. Saia escrevendo.
Pode até ser verdade que a qualidade surja da quantitade, mas a maior parte dos textos serve como fertilizante. E haja merda pra fazer nascer uma rosa. O que não quer dizer que quanto mais merda melhor.
Conscientes dessa situação, nós aqui do Fêmea de Cupim só escrevemos quando temos, ou pensamos ter, algo de útil ou interessante a dizer. A exceção, é claro, é o post que se encerra agora.
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