The Velvet Underground and Nico
Um dos presentes de Natal que minha namorada me deu foi um livro de bolso, de umas cento e cinquenta páginas, sobre o álbum de estréia do Velvet Underground. Foi escrito por Joe Harvard, um produtor de Boston, e faz parte de uma série sobre discos que inclui livros sobre "Meat is murder", "The piper at the gates of dawn", "Dusty in Memphis" e "Forever changes". E é genial.
O livro é organizado em três partes. "Settings", a primeira, é sobre a gravação do disco, detalhes técnicos, o histórico anterior da banda e, de quebra, um relato pessoal do autor sobre seu "relacionamento" com o álbum. A segunda parte, "Songs", analisa uma por uma as onze músicas do disco. E a última, "Aftermath", é sobre o que aconteceu após o lançamento do disco, os problemas com a distribuição, o sumiço das prateleiras, os três anos sem tocar em Nova York e, anos depois, a consagração.
Harvard às vezes exagera nas gracinhas, mas em geral o texto é genuinamente divertido. O pricipal feito do produtor, porém, é evitar o blablablá excessivamente técnico, deixando-o restrito aos momentos indispensáveis (como ao explicar o overdubbing) e sendo bem didático ao usá-lo. Para amantes de música leigos como eu, um achado. Harvard também tem uma ou duas idéias bem interessantes a respeito da banda, colocando Lou Reed no seu devido lugar (um dos gênios do pedaço, mas de forma alguma o único) e defendendo a importância de Andy Warhol e Nico para o disco, embora seus argumentos em favor da cantora sejam bastante vagos.
Velvet Underground é uma banda que está crescendo aos poucos e há muito tempo. Quando ouvi o disco de estréia pela primeira vez, ainda no segundo grau, não achei nada de mais, e foi preciso reencontrar Heroin na trilha sonora do filme The doors para voltar ao disco e descobrir todo o seu poder. A caixa Peel slowly and see, com cinco cds, muitas músicas bônus e um ótimo texto de David Fricke, me fez conhecer os outros discos da banda, o furioso White light/White heat, o suave The Velvet Underground e o pop Loaded. Faz algum tempo, ao ser perguntado sobre qual banda eu escolheria se só pudesse escutar uma pelo resto da vida, me surpreendi elegendo o Velvet. O texto de Joe Harvard parece ser mais uma etapa no caminho que, daqui a talvez não muito tempo, vai me fazer considerar o VU a maior banda de rock que já existiu. A conferir daqui a uns dez anos.
3,5/5
1 Comments:
Engraçado, Velvet tem crescido com o tempo comigo também. Daí a chegar a minha preferida de rock ainda vai um tanto, acho difícil o Genesis pré-74 (fase boa, Phil Collins na bateria e Peter Gabril nos vocais, odeio ter que explicar isso) perder o posto.
Maturidade???
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