Wednesday, June 15, 2005

Preparatory to anything else

Comprei hoje a nova edição de Ulisses, da Objetiva. É bonitona: não costumo gostar muito de sobrecapas (ou seja lá qual for o nome certo daquela capa extra de papel que alguns livros mais chiques têm), mas essa funciona bem: é translúcida, e dá um efeito bonito sobre a capa verdadeira. As firulas também são bem legais: introdução e copiosas notas da tradutora, mapa de Dublin com indicações dos locais em que ocorrem diversos eventos do romance, a obrigatória tabela com aquele esquema semi-picareta de episódios homéricos, cores, órgãos do corpo, estilos literários etc.

E a tradução? Meu chute é que deve ser melhor do que a do Houaiss, que piorou muito com a releitura de alguns trechos. Só não sei se a Bernardina da Silveira Pinheiro não tornou o texto um pouco coloquial demais. Soa esnobe essa afirmação, mas explico: Houaiss pecou pela afetação no traduzir, e talvez a nova tradutora, ciente das falhas do pioneiro, tenha se afastado demais na outra direção. O pecado menos grave, na minha opinião, seria o dela: mas é uma pena que as palavras-valise de Houaiss, às vezes tão boas quanto as de Joyce, não tenham sido aproveitadas nessa nova versão. Pode ser um problema de direitos autorais, sei lá, mas todo tradutor deveria poder usar as boas idéias dos predecessores.

Enfim. É amanhã. Introibo ad altare Dei.

2 Comments:

Blogger Werner Daumier-Smith said...

Ahahahahahahha.

Mas hoje tive a mesma sensação do Lucas, ao comparar os primeiros parágrafos das duas edições. Uma rebuscada ao extremo, esnobe mesmo - mas o livro é, no final das contas, isso mesmo - a outra...hmmm...petista??? Não sei, não sei...

Sei que amanhã 19hs na Travessa terá Bernardina autografando os livros e leitura de trechos em 10 línguas, e depoiuma Guinness far-se-á mais do que necessária.

4:02 PM  
Blogger Unknown said...

Malditos economistas, achando que vão salvar o mundo e nada mais importa.

Não, pô, o livro não é isso mesmo. O do Houaiss até pode ser, mas o do Joyce não. É louvável a intenção de aproximar a versão brasileira da original, que é bem menos complicada do que parece. O problema é ir muito para o outro lado: por exemplo, traduzir "agendite of inwit", termo do inglês medieval, pelo coloquial demais "remorso da consciência".

Enfim. Happy Bloomsday, y'all.

8:40 AM  

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