Silvio Luiz
Alguns anos atrás, na época em que a Band era o canal do esporte, saiu um anúncio de jornal com uma pesquisa em que o Luciano do Valle era consagrado de goleada como o melhor narrador de futebol do Brasil, superando Galvão Bueno em muitos pontos percentuais. O tempo passou, a Band deixou de transmitir jogos esdrúxulos do Campeonato Carioca à noite (era segunda e terça?), o Luciano do Valle sumiu. Galvão está cada vez pior, mas não tem ninguém para desafiá-lo, só o Arnaldo.
Mas eu queria mesmo era falar do Silvio Luiz. Luciano do Valle, claro, era melhor do que o Galvão - quem não é? Mas não era o melhor narrador do Brasil: ele era, parafraseando o jovem Stephen Dedalus, muito paulista demais. O melhor, o mais engraçado, o dono dos melhores bordões, o mais impaciente com repórteres idiotas, era Silvio Luiz.
Era. Silvio Luiz está exilado na Band Sports, e nesse exato momento narra os últimos segundos de Argentina 2, Brasil 1, pelas semifinais do Mundial Sub-20. Está péssimo. O jogo não ajuda, mas para quem narrava Botafogo e Volta Redonda ou amistosos de Masters, com o Edu gordo feito um boi premiado, não deveria ser problema.
Acabou o jogo, felizmente. Silvio Luiz desistiu de narrar os jogos. É parente de alguém na Band Sports, ou sabe que seu nome ainda atrai algumas pessoas, sei lá: o fato é que ele se comporta exatamente como um hipotético cidadão gordo, sem cmaisa e com uma lata molhada de cerveja na mão se comportaria se estivesse sentado ao meu lado no sofá. "Vai, vai, vai! Mete ali, ali! Não, assim não vai dar"; "Pega, pega! Deixa passar não! Eles tão trocando bolinha na nossa cara, porra!"; "Segura, segura, segura. Ai, isso não vai dar certo. Vamo ver... E foi. Queimou o filme" e por aí vai. Comentários dispersos e instruções sem sentido, a isso se reduziu o melhor exemplar da triste raça de narradores esportivos que tive o prazer de ouvir. Pena.