Dez livros
Deve ter sido para compensar a ausência na Bienal. Hoje à tarde, depois de um belo almoço japonês com o pintor alemão existencialista Daumier Smith, passamos no Berinjela para um pouco de shelf-shopping (mais sobre isso no futuro, talvez). Como o atarefado pintor tinha que voltar para o trabalho, mal deu tempo de olhar as estantes; assim, após uma decepcionante passada no Brasileira, voltei ao Berinjela. Uma hora e quarenta e cinco minutos e setenta e quatro reais depois, saí do sebo a caminho das barcas com mais dez livros na sacola. Uma delícia. Agora, como estou com vontade de escrever no blog mas não tenho assunto (hmm, tem o shelf-shopping), e para deixar o amigo pintor com inveja, um pouco sobre cada aquisição:
Armadilha para Lamartine, de Carlos & Carlos Sussekind. Há algum tempo o livro estava para ser comprado, mas o preço da nova edição, da Companhia das Letras, sempre me intimidava. É brasileiro, mas dizem que é muito bom. Ombros altos, de um dos Carlos, é interessante. Veio com três buracos de traça.
Vestígios do dia, de Kazuo Ishiguro. Aquele do filme - aliás, a capa é do filme, Anthony Hopkins olhando para o nada ao lado de Emma Thompson, virada meio que na direção de Hopkins mas também olhando para outro nada. Já li Uma pálida visão dos montes, que era, hmm, interessante. Mas era um Ishiguro japonês, esse é bem inglês. Nada mais inglês do que aquele mordomo.
A cor do sangue, de Brian Moore. Um daqueles autores que estão sempre em prateleiras por aí, mas nunca atraem muita atenção. Mas é irlandês, sempre uma vantagem. Mas é uma compra no escuro, comme il faut em casos de grandes farras alfarrábicas.
A mulher do próximo, de Gay Talese. Uma grande reportagem sobre sacanagem - se não me engano, o bravo jornalista teve até que marcar encontros profissionais com representantes da mais antiga profissão. Quase lhe custou o casamento. Um How not to do guide se eu quiser manter o meu.
The moon and sixpence, de Somerset Maugham. Preenchendo lacunas, comme il faut aussi.
O destino bate à sua porta, de James M. Cain. Um dos livros que estavam me perseguindo não faz muito tempo, lembram? Pois então.
Aqueles cães malditos de Aquelau, de Isaias Pessotti. Recomendação do blogueiro anteriormente conhecido como Alexandre Cruz Almeida. Eu sei, eu sei, vocês acham ele chato, mas fiquei curioso. Brasileiro também, mas tem um bom primeiro parágrafo para compensar. A teoria do primeiro parárafo, recentemente criada, talvez também mereça um post.
Fogo pálido, de Vladimir Nabokov. Uma aquisição problemática: os tradutores admitem, numa nota ao fim do volume, que fracassaram na tradução do longo poema que é a primeira parte do livro, o que os levou a suprimuir alguns dos comentários que formam a segunda parte. Dizem eles que nada disso interfere com o andamento da história e tal, mas sei lá, já caí nessa em Algumas aventuras de Sílvia e Bruno. Como estava só cinco reais, e as folhas em branco estão recheadas de desenhos e rabiscos infantis, pensei the hell with it.
Cada um por si, de Beryl Bainbridge. Já li Os aniversariantes, sobre a última expedição de Scott ao Pólo Sul; este é sobre o Titanic, mas pré James Cameron. Acho que os dois livros são de 1996, ela devia estar passando por uma fase desastres. Tradução, salvo engano, de um dos Carlos Sussekind lá de cima.
La gouvernante italienne, de Iris Murdoch. Ia comprar O mar, o mar, mas estava mais caro, era mais pesado e eu não tinha escolhido nada em francês. O fator Irlanda de novo.
Foi isso. Deve ser a última vez até a França, prometo.